10 de Junho 2019 celebrado em Portalegre
Uma data muito especial para a cidade, e pelos acontecimentos aí vividos, hoje tornada capital do país, e por isto honra maior* para os portalegrenses.
Num país em que a interioridade pesa, e que, como sabemos, na capital do Alto-Alentejo pesa de mais. Como João Miguel Tavares o tornou completamente claro, num discurso bem articulado, e sem assombramentos...
Parabéns, é bom ouvir frases, interligadas, a dizerem aquilo com que concordamos!
Esperamos que toque fundo, e que alguns dos seus questionamentos, tal como as óptimas intenções de Marcelo R.S. se concretizem. Que o 10 de Junho não seja apenas hoje, e se venha a prolongar.
Com Ética acima de tudo: dando o seu-a-seu dono, com Justiça, sem atropelamentos (ou as falsas promessas) dos poderes instituídos, para um adiar das responsabilidades que lhes competem!
Hoje, num dia em que a meritocracia foi lembrada (por JMT) como uma exigência dos mais novos; urgente porque tarda - se é que o país quer mesmo ser democrático? - em vez do "just pretending" do costume, em que muitos reparamos e, mau de mais, conhecemos demasiado bem...
Dizêmo-lo, estamos a escrever, sem esquecer a casa que herdámos em Portalegre - que é por acaso um Ex-Libris da Cidade - e da qual «tomámos posse» em 2014, por direito**. Mas que antes teve que ser reclamado e exigido, já que a autarquia estava distraída, ou a querer esquecer-se...
Assim como esteve distraída, enquanto nas principais escolas e universidades do país (UL, UC, UP) os valores do Património Cultural e Arquitectónico vinham a ser ensinados - com cursos criados propositadamente para esse efeito - desde meados dos anos 80!
Ou seja, é isso que pensamos (e defendemos com veemência), não se pode ser cacique local, sem se querer ser, simultaneamente, elite local***.
Et pour cause ... (achamos nós) ... noblesse oblige !
Mais, foi assim que procedemos relativamente a um bem que é privado (a nossa parte do Palácio Amarelo de Portalegre), mas que publicamente, como sabemos - eu sei - também pertence à afectividade/amor de todos.
Ou seja, é por isso que dizemos: "noblesse oblige".
Nós, arquitectos e conhecedores de uma grande série de realidades, iríamos deixar cair, a parte menor do Palácio Amarelo? Nós, os mais preocupados com o verdadeiro sentido (também moral) da palavra edificante, iríamos entregar aos Edis e à Edilidade (que não sabem, talvez porque são assim designados?) deixarem cair a parte que herdámos de um monumento que tem representado toda uma cidade?
Pois aqui está em fotografias da fachada Poente, o que recebemos, depois da CM de Portalegre ter sido inquilina durante quase 50 anos (com o estado a que casa chegou...), e o que nos empenhámos para inverter a degradação.
Porque naturalmente um arquitecto sabe - sim alguma coisinha eles sabem/nós sabemos... - do valor cultural e afectivo do que é chamado património
Acima, nas fotografias de 2013, o estado em que estava a fachada Poente, coberta de heras - que chegavam a entrar pela janela da cozinha ao lado da chaminé - mostrando a incúria total da parte da entidade inquilina, que foi desde meados dos anos 60 a Câmara Municipal de Portalegre. Inclusivamente a janela da cozinha estava completamente destruída pela força invasiva da vegetação. Como se fosse na Amazónia!
Na última fotografia o estado em que veio a ficar depois de obras mínimas, as quais foram sobretudo pelo exterior, já que ainda hoje no interior se mantêm o desconforto e os estragos (porque nada foi reposto...) como deixado pela entidade inquilina.
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*Honra maior, ou até felicidade?! (como mostravam as suas expressões...)
**Depois de já estarmos a pagar impostos há 2 anos, e com a autarquia a fazer-se de desentendida. Quer relativamente à data em que devia ter devolvido a casa, quer ao facto de a ter emprestado a outros; quer ainda pelo péssimo estado em que a devolveu. Ou, quer ainda pelas rendas que não pagou...
Portanto as questões da meritocracia, ou as dos desígnios de Justiça - com o fim da corrupção, e uma chegada urgente da transparência - não são apenas questões dos litorais do país, pois também emergem no interior, por mais longínquo que possa parecer.
***Enfim, se alguém quer ser cacique local, e localmente decidir tudo, pois que não o esqueça: que hoje o mundo é global. E que «qualquer cacique» - que o queira ser, assumidamente -, vai ter que se justificar. Vai ter à perna não só a geração dos mais novos - "que não mais põem molas no nariz para evitar pivetes fedorentos" (sejam eles irreverentes ou não); mas vai ter também que contar com a geração dos mais velhos: Dos que cada vez mais têm à sua disposição, não apenas um bom-senso tipico (e as suas lógicas de sempre - a sagacidade ou uma sageza próprias dos que já viveram mais); para exigirem que as boas normas, e sobretudo as LEIS do PAÍS se cumpram.
Ser cacique, no futuro, é ter que saber ser, e estar, como os governantes da época que se designou do Iluminismo. Para se ser dirigente local, terá que ser para fazer o bem; e não para estar virado para as malas-artes (contra os cidadãos incautos)! Terá que ser para uma abertura máxima, sobretudo em lugares e terras de fronteira, onde a ligação aos «do outro lado» (numa Europa de regiões) cada vez mais deve procurar ser inclusiva: Terá que ser inspirada em Humanistas, como por exemplo foi Cosimo de Medici (no século XV), em Florença