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CasAmarela

Blog experimental, dedicado a uma ala do Palácio Amarelo de Portalegre. Verdadeira «Casa de Bonecas», onde, seguindo a tradição, há sinais e emblemas de nobreza. Assim: Casa Amarela, Cas'Amarela, ou CasAmarela

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DESTA VEZ estamos no Palácio Amarelo, onde a Iconografia - que foi prerrogativa de Reis e Nobres - está bem perto, e sobretudo presente! Vivinha: pode-se tocar, sentir o áspero e o macio, o quente das superfícies pintadas, o frio dos estuques...

Em obra, sempre que queríamos preparar os trabalhos seguintes, sobretudo os de carpintaria - feitos aliás com um carpinteiro que já conhecia há muito anos - a maioria das vezes obtinha-se uma resposta muito engraçada:

"Tenha calma sra. arquitecta, vamos mais devagar, porque é ao pé da obra que se talha o pano !"*

Acontece portanto, que aqui chegados ao pé da obra (a esta Casa Amarela de Portalegre), em 2013-2014, viemos encontrar - no espaço próprio - a Iconografia cujo significado se tinha encontrado na FLUL uns bons anos antes [é a ideia de Conveniência e Décor referida por Vitrúvio, e que em História da Arte não tem sido valorizada...].

Imagens que já tínhamos visto muito semelhantes no Mosteiro da Batalha e que vamos coleccionando, vindas de muitos outros monumentos. Juntamo-las como prova de que não se tratavam de sinais ou saberes ocultos (como por exemplo Lima de Freitas fez parecer); ou, sinais  exclusivos de uma «elite mais informada», que estivesse por dentro de certos assuntos**.

Mas sim (e é como vemos estas questões e problemáticas), de sinais que usados articuladamente, como em geral se fez na arquitectura religiosa, criaram narrativas de carácter simbólico.

O que se sublinha, visto defendermos, que todo o discurso arquitectónico, assim elaborado (i. e., com sinais visuais, desenhos, jogos e efeitos de luz - os vitrais em janelas com formas específicas), esses discursos pretendiam construir em narrativa visual, e só por imagens, o que no Símbolo da Fé  (também designado de Niceia-Constantinopla) se proclama com o apoio das palavras... Ou seja, diz-se o mesmo, mas com outros meios.

Concretamente, os referentes que alertam o cérebro para aquilo que se está a discursar e a proclamar, são imagens. Por isto, vistas por autores como Frances Yates ou Mary Carruthers, como imagens dirigidas à mente e à memória. Portanto mnemotécnicas. 

E aqui (Casa Amarela, ala sul, na zona que terá sido, porventura a mais antiga?) temos nos 4 cantos da sala - onde nascem duas diagonais a que chamamos Ogivas Barrocas - enfática e retoricamente dispostos, temos 4 conjuntos de argolas.

Parecem "8", por estarem ao alto, mas na verdade são Símbolos do Infinito.  

Assim ----» ∞ ∞ ∞.  Os quais, todos dizemos são como "8" deitados.

IMG_20230925_144737.jpg

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IMG_20230925_144727.jpg

Aqui, agora visível nas fotografias, os dois círculos estão ao alto - alinhados com a vertical - o que faz com que a Mandorla se assemelhe a um Peixe:

É o ICHTHUS ou ICHTHYS que tantas vezes, naquilo a que é comum chamar-se «simbologia», refere o nome de Cristo (ίχθύζ - em grego)

A seguir, nas imagens em sequência, explica-se o desenho da Mandorla, e como desse desenho - geométrico rigoroso (a intersecção dos círculos que é descrita como a linha circunferência de um, a passar pelo centro do outro ***) - nasce a cruz em aspa (fig. 3), o losango (fig. 4), e ainda (na fig. 5) mostra-se como a cruz em aspa, tal como o losango, reúne 2 triângulos equiláteros  

MANDORLA-SINÓNIMOS-E.jpg

Confirmem ainda aqui, com a mesma origem, a razão do colar do rei D. Manuel I, e neste outro post, vejam que se trata de geometria que, dados os ângulos formados (de 60º) foi designada Ad Triangulum 

Por fim, comparem com uma «casinha» - no jardim dos Sousa e Holstein (Palmela) - na Rua da Escola Politécnica. 

~~~~~~~~~~~~~~~~

*Resposta surpreendente, sobretudo por invocar o trabalho das costureiras, (ou o dos alfaiates...)

** Os que se consideram esotéricos 

*** Explicação de James S. Curl - Como por várias vezes já se escreveu e está em Monserrate uma Nova História

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